“Sistema legado” são duas palavras que os profissionais de tecnologia utilizam muito e, na maioria das vezes, com conotação negativa. Algumas empresas sentem que precisam evitar sistemas legados a todo custo, enquanto outras acreditam que a maioria de suas principais operações depende de software ou processos desatualizados. 

Mas, mesmo que uma organização acredite que sistemas mais antigos que executam aplicativos legados são essenciais, está na hora de considerar se os riscos valem a pena.

À medida que as empresas lutam para acompanhar os tempos de mudança, é importante compreender os sistemas que sustentam os processos essenciais – e um sistema legado é mais do que apenas um software antigo.

O que exatamente são sistemas legados e como resolver os problemas que eles trazem? Este artigo ajudará a resolver essa e outras dores utilizando tecnologia low-code.

O que são sistemas legados?

Segundo o Gartner, a definição de um sistema legado é “Um sistema de informação que pode ser baseado em tecnologias ultrapassadas, mas é fundamental para as operações do dia a dia.” 

Um sistema legado é um software ou tecnologia antiga e/ou desatualizada que continua a ser usada por uma organização porque ainda desempenha as funções para as quais foi inicialmente planejada, não sendo facilmente substituída.

Como os ambientes de negócios evoluem constantemente devido às mudanças na economia, novas leis, condições de mercado, gestão, reorganizações etc., os software tendem a se tornar obsoletos com o tempo. 

Para se adaptar a todas essas mudanças, eles também precisam estar em constante evolução. As mudanças dificultam que os gestores de TI tenham uma visão completa do ambiente, pois muitas vezes as adaptações e atualizações são implementadas por diferentes pessoas ao longo do tempo.

Os sistemas legados geralmente são essenciais dentro de uma organização. Esse é, sem dúvida, um dos principais motivos pelos quais ainda são amplamente utilizados. Assim, os gestores de TI devem analisar quais são os sistemas legados da empresa e até que ponto vale a pena mantê-los. 

Como identificar um sistema legado

Exemplos de sistemas legados comuns incluem Lotus Notes, Domino, SAP ECC, Adobe Flash e o Microsoft Silverlight. As empresas podem identificar que usam um sistema legado avaliando diversos aspectos, uma vez que os softwares podem se tornar obsoletos por vários motivos: 

  • Descontinuação do produto: o fornecedor do sistema para de vender o produto, o que é chamado de sistema legado EOL (End-of-life ou fim da vida, em português). Para o fornecedor, o software já passou do estágio de vida útil, abandonando também o suporte.

Um exemplo é o abandono do suporte da Microsoft para sistemas operacionais antigos, como o Windows 7 e o Windows XP;  

  • Não há atualizações disponíveis: embora esteja relacionado ao EOL, muitas vezes você pode substituir um sistema legado de EOL por uma solução semelhante, mas atualizada ou, como no caso do Windows, um fornecedor pode oferecer uma versão mais recente com desempenho semelhante. 

Alguns softwares legados, no entanto, não têm atualizações ou versões mais recentes para oferecer. Isso pode dificultar a mudança das empresas, pois elas podem ter que migrar para um novo fornecedor e trabalhar com novos processos para realizar as mesmas tarefas;

  • Não pode ser escalado: alguns sistemas legados não podem ser dimensionados o suficiente para suportar, por exemplo, fluxos maiores de dados ou um volume maior de transações. O software já se tornou obsoleto para uma empresa em crescimento;
  • Falta de desenvolvedores qualificados: se uma empresa faz desenvolvimento de software ou tem um sistema personalizado internamente, encontrar desenvolvedores qualificados que possam mantê-lo pode ser difícil ou quase impossível. 

Caso a organização dependa desse sistema legado para os processos cotidianos, o  problema pode ser ainda mais sério. Um exemplo é uma organização que usa aplicações escritas em linguagens de programação que apenas algumas pessoas na empresa podem usar ou editar. 

Por que os sistemas legados ainda são usados? 

Os sistemas de TI geralmente duram anos, mas a tecnologia evolui em grande velocidade. É por isso que os sistemas muitas vezes se tornam obsoletos antes que as empresas estejam prontas para mudá-los. Assim, é comum que as organizações mantenham sistemas legados funcionando por anos.

Aqui estão algumas das razões pelas quais as organizações continuam a usá-los:

  • Ainda atendem a uma necessidade de negócios ou são sistemas de missão crítica;
  • É um investimento tecnológico antigo que ainda não foi recuperado, já que a implantação pode ser cara. Portanto, as organizações precisam utilizá-los por um determinado período de tempo para recuperar esse investimento; 
  • A substituição de um sistema legado envolve o investimento de uma quantidade de recursos (dinheiro, tempo e pessoal) que as empresas nem sempre podem assumir;
  • A empresa não possui habilidades de TI para migrar o sistema legado;
  • Muitas vezes, as organizações carecem de especificações técnicas para criar um novo sistema com as mesmas características do sistema legado. Muitas vezes, isso se deve ao fato de que as aplicações costumam ser modificadas por muitas pessoas durante sua vida útil, a fim de adequá-las às necessidades específicas do negócio;
  • A organização não deseja substituí-lo.

Riscos de continuar com um sistema legado 

Mesmo na era dos negócios digitais, os sistemas legados são uma realidade para a maioria das organizações, desde pequenas e médias empresas até grandes corporações. Aqui estão alguns exemplos dos riscos decorrentes de software legado ou sistemas legados:

  • Compatibilidade: por utilizar tecnologias ultrapassadas, o sistema legado pode se tornar incompatível com novos sistemas ou tecnologias também essenciais ao negócio. Como resultado, os departamentos que o usam podem não se beneficiar de todos os recursos oferecidos pelos novos sistemas;
  • Suporte: se o fornecedor não vender o sistema que a empresa usa, nem oferecer suporte para ele, é improvável que ele possa ajudar quando surgir um problema;
  • Silos de dados: os sistemas legados geralmente não são construídos para serem integrados com sistemas mais novos, isolando dados de outras plataformas;
  • Segurança: quanto mais patches o software exigiu no passado, mais difícil pode ser acompanhar as preocupações de segurança. Ao longo dos anos, o sistema se torna cada vez mais frágil, especialmente depois que o fornecedor 

não cria mais novos patches ou monitora problemas antigos. 

No caso de software legado, as vulnerabilidades geralmente não são detectadas devido à falta de suporte. Se elas forem detectadas, um patch não estará disponível. Se um patch for viabilizado, pode ser difícil encontrar alguém que possa aplicá-lo ou pode ser extremamente caro. Quanto mais tempo esses sistemas estiverem em uso, mais preocupações de segurança haverá;

  • Escalabilidade: os sistemas legados podem ser difíceis de serem escalados à medida que a empresa cresce. Isso é particularmente problemático quando se considera sistemas como software ETL e data warehouses. Os dados estão constantemente fluindo para as empresas e, à medida que a organização cresce, também aumenta a quantidade de dados que são processados. As soluções de dados devem ser capazes de escalar com esses dados ou atrasarão o desenvolvimento e a performance; 
  • Desempenho e produtividade: os sistemas legados tornam-se cada vez mais lentos ao longo do tempo, o que significa que o desempenho, a eficiência e a produtividade também podem diminuir;
  • Custos de manutenção e competitividade: manter um sistema legado significa investir dinheiro em um recurso de TI que precisará ser substituído mais cedo ou mais tarde. 

Vale a pena manter um sistema legado?

O risco de manter sistemas legados só aumentou nos últimos anos, graças a novos ataques coordenados por grupos de hackers. Os sistemas legados fornecem uma porta de entrada para que o código mal-intencionado entre na rede da empresa. 

Um relatório de especialistas em segurança detalhou como o TikTok poderia ser usado como um veículo para explorar problemas de segurança persistentes em sistemas mais antigos e sem correção. Como muitos colaboradores corporativos usam smartphones e outros dispositivos no local de trabalho, isso representa um novo vetor de ataque que as equipes de segurança da informação podem nem considerar. 

Este cenário é um excelente exemplo de por que os sistemas legados precisam ser avaliados seriamente quanto ao seu valor em relação ao risco desconhecido que podem trazer. 

Por outro lado, os sistemas modernos recebem continuamente atualizações de segurança. Ameaças como essas novas técnicas podem ser corrigidas, geralmente antes que a equipe de TI tenha que lidar com o ataque.

Como resolver o problema dos sistemas legados?

Chega um momento em que os sistemas legados monopolizam os recursos de TI e tornam o processo de transformação digital ainda mais complexo. A solução é, então, modernizar os processos de TI.

A modernização da TI é uma prioridade crescente para muitas organizações. Essa prática foca em infraestrutura e melhorias operacionais, como atualizações dos sistemas e/ou a adoção de novas tecnologias. E a modernização dos sistemas legados entra dentro deste movimento. 

O processo de atualização e otimização dos sistemas de negócios para melhorar as operações é um investimento que as organizações fazem para criar aplicações mais preparadas para o futuro. O benefício a longo prazo é custo e eficiência, posicionando a organização para depender menos de sistemas legados. 

Como modernizar sistemas legados corretamente?

Há várias maneiras de modernizar os sistemas legados. A melhor opção para a organização dependerá dos desafios enfrentados e dos objetivos para o futuro.

Mas o caminho para a modernização do legado tem um atalho: transformar o antigo sistema em uma plataforma low-code. Um desenvolvimento baseado em uma plataforma de low-code prova ser uma solução ideal no atual ecossistema de negócios. Oferece uma opção moderna, flexível e econômica para superar os desafios. 

O que é low-code?

O termo ‘low-code’ foi criado pela consultoria Forrester em 2014 e definido como uma plataforma de desenvolvimento de aplicações voltadas para o cliente.

O objetivo principal do low-code é reduzir a quantidade de “codificação manual” (ou seja, código feito do zero) e aumentar a quantidade de código reutilizado. O low-code é altamente combinável, o que significa que ele é usado para construir um componente, sendo fácil reutilizá-lo em diferentes situações.

Como uma abordagem de desenvolvimento de software com pouca codificação necessária para criar sistemas, o low-code está rapidamente se tornando a melhor maneira para as organizações serem inovadoras e evitarem as complexidades das linguagens de programação.

Hoje, os desenvolvedores podem usar o low-code para aprimorar recursos digitais. Uma pesquisa da Forrester Larger Enterprises já mostrava que o low-code era utilizado por 31% entre os 254 tomadores de decisão de TI entrevistados. Já o Gartner prevê que, até 2025, 70% das aplicações serão desenvolvidas por low-code ou no-code.  

O que é uma plataforma low-code?

Uma plataforma de desenvolvimento de low-code é uma aplicação que fornece uma interface gráfica de usuário para programação. Em vez de escrever as linhas de código individuais, os usuários selecionam em um menu os componentes desejados. Funcionais e reutilizáveis, todo o trabalho é realizado ​​por meio de uma interface visual de arrastar e soltar. 

A programação de arrastar e soltar torna os usuários rápidos – removendo uma das maiores barreiras à transformação digital completa –, porque eles usam bibliotecas e funcionalidades pré-criadas para acelerar o desenvolvimento. 

Como modernizar sistemas legados usando low-code?

O desenvolvimento de low-code ajuda a otimizar todo o processo de desenvolvimento para acelerar a entrega. Com essas plataformas, fica mais fácil preencher a lacuna entre sistemas legados e modernizados. 

Há três opções para atualizar um sistema legado.

1- Substituição

Esse método de modernização do legado envolve a substituição de todo o sistema por um novo. A vantagem de fazer isso é começar do zero, permitindo a criação de um sistema novo que atenderá aos requisitos de negócios. 

No entanto, inevitavelmente levará muito tempo e energia para avaliar os sistemas atuais, identificar o que está e o que não está funcionando e reconstruí-los de acordo com os novos requisitos.

2- Migração

Nesse caso, são transferidos elementos do sistema legado para uma nova plataforma. Um exemplo é mover os ativos digitais, como fluxos de trabalho e processos para a nuvem. 

Um dos benefícios significativos da modernização com low-code é que ela ajuda a acelerar os procedimentos de expansão e migração que normalmente são demorados e complicados. 

Uma estratégia de DevOps nativa da nuvem e projetada para atender às demandas de modernização do sistema legado pode ser um começo após a identificação de requisitos e procedimentos estratégicos. Essa técnica permite administração centralizada e liberação de atualização imediata.

3- API REST (Extensão)

Uma maneira de começar é conectar o novo sistema por meio de uma API REST se quiser manter intacto o desempenho do sistema legado. Uma interface de programa de aplicativo (API) que usa solicitações HTTP para acessar e usar dados é conhecida como API REST. Embora ela possa ser usada com quase qualquer protocolo, geralmente usa HTTP quando usado com APIs da web. 

Essa abordagem sugere que os desenvolvedores não precisarão configurar nenhum novo software ou biblioteca ao criar uma API REST. As equipes podem desenvolver uma infraestrutura de API que simplifica a integração de dados, aplicações e dispositivos (como Salesforce, Facebook, etc) com sistemas legados baseados em API. 

3 benefícios da modernização de sistemas legados com plataformas low-code

Ao considerar o low-code para a modernização de sistemas legados, a economia no tempo de entrega é o primeiro benefício que vem à mente, mas não é o único.

  1. Produtividade: o que costumava levar meses pode ser reduzido a semanas ou até dias. Com o desenvolvimento low-code, o tempo não é mais uma barreira para a inovação real. A adoção de low-code incentiva a reutilização de módulos e funções, o que também melhora a padronização;
  2. Qualidade: como há a redução de código escrito, é menos provável que ocorram erros. Embora o teste ainda seja crucial para o desenvolvimento de low-code, a abordagem “teste uma vez, use muitas vezes” é permitida, melhorando a qualidade do software;
  1. Experiência do usuário: o low-code promove a colaboração entre negócios e TI para melhorar a experiência do usuário. Além disso, muitas plataformas low-code oferecem entrega omnichannel, garantindo uma experiência consistente, esteja o usuário usando um desktop, tablet ou dispositivo móvel.

As plataformas de low-code para modernização de sistemas legados podem ser uma verdadeira virada de chave. Elas incentivam e promovem a colaboração de negócios e TI, alinhando os processos de negócios ao tempo em que fornecem um sistema moderno. Conheça mais sobre o potencial do low-code para a sua empresa ao assinar a newsletter da TrueChange.